segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Inspiração.

"Aprendi com meu povo o verdadeiro significado da palavra EDUCAÇÃO ao ver o pai ou a mãe de criança índia conduzindo-a passo a passo no aprendizado cultural.
Pescar, caçar, fazer arcos e flechas, limpar o peixe, cozê-lo, buscar água, subir na árvore. Nossos pais nos ensinavam a sonhar com aquilo que desejávamos.
Compreendi, então, que educar é fazer sonhar.
Aprendi a ser índio, pois aprendi a sonhar.
Percebi, então, que na sociedade indígena, educar é arrancar de dentro para fora, fazer brotar os sonhos e, às vezes, rir do mistério da vida.
Aprender, para o ocidental, é ficar inerte ouvindo um montão de bobagens desnecessárias. As crianças não têm tempo para sonhar, por isso acham a escola uma chatice.
Não escolhi ser índio, esta é uma condição que me foi imposta pela divina mão que rege o universo, mas escolhi ser professor, ou melhor, confessor dos meus sonhos. Desejo narrá-los para inspirar outras pessoas a narrar os seus, a fim de que o aprendizado aconteça pela palavra e pelo silêncio.
É assim que "dou" aula: com esperança e com sonhos..."

O texto acima foi escrito por Daniel Munduruku. Formado em Filosofia, com licenciatura em História e Psicologia, é escritor, mestrando em Antropologia Social (USP) e relações públicas do INBRAPI (Instituto Indígena Brasileiro da Propriedade Intelectual). Foi professor na rede estadual e particular de ensino e atuou como educador social de rua pela Pastoral do Menor em São Paulo, capital. Professor de Mestrado em Educação em Valores Humanos (Unicapital/SP e Uniube/MG), desenvolve oficinas pedagógicas e cukturais para a formação das crianças e dos valores humanos. Esteve na Europa dando conferências sobre a cultura indígena e participando de oficinas culturais. Autor de sete livros infanto-juvenis, coordenador e incentivador de outras obras literárias e multimídia. Munduruku quer dizer "Formiga Gigante".

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